Peça de teatro dirigida por Daniela Amorim, com
texto de Emanuel Aragão. A montagem registra uma relação de casal e as
tentativas de abarcar o tempo. “A gente é o tempo parado olhando fixamente para
a foto desse instante”, dizem os personagens. A identidade visual parte dessa
vertigem da imagem fotográfica como possibilidade de captura do instante. Os
retratos dos personagens têm suas faces ocultadas pelo próprio dispositivo
fotográfico; o flash que cega anula a dimensão de presença daquelas pessoas. Os
detalhes do cotidiano presentes no programa são levemente alterados, como uma
lembrança que vem forjada na imagem da foto. Por fim, a sequência de imagens
icônicas da arte, nos trabalhos de Yves Klein e Bas Jan Ader, reforça a
dimensão vertiginosa do instante que pressupõe a queda. “Se a encenação do
instante é fotográfica, a foto deste instante é teatral”.